Nos anos 70, Marina Abramovic viveu intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando performances. Quando sentiram que a relação já não valia, decidiram percorrer a Grande Muralha da China, dar um último grande abraço e nunca mais se ver. 23 anos depois o MoMa de NY dedicou retrospectiva a sua obra. Nela Marina compartilhava 1 minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ullay chegou sem ela saber, e foi assim.
Ora, deixando-me levar pela temática, e só porque não houve tantos filmes assim de que tenha realmente gostado... Para mim, e apesar de ter também passado ao lado do grande escaparate, outro dos filmes do ano (e que enfia alguns dos tão badalados esta madrugada num pequeno bolso) foi o The Perks of Being a Wallflower.
Charlie: Why do nice people choose the wrong people to date?
Bill: Are we talking about anyone specific?
[Charlie nods]
Bill: We accept the love we think we deserve.
Charlie: Can we make them know they deserve more?
Bill: We can try.
Num dia em que são os filmes a estar na boca de meio mundo, dei por mim a pensar num dos filmes que mais me encheu as medidas no ano que passou. Se não se cruzaram com ele, fica a dica.
Everything will be all right in the end... if it's not all right then it's not yet the end. (Sonny)
Final da última aula de um grande dia:
L: Professora, onde é que fica Ovar?
Eu: Fica perto do Porto.
Virando-se para outra colega:
L: Ah, 'tás' a ver!
E virando-se para mim:
L: É que perguntei à S. e ela depois de um minuto de silêncio respondeu-me: "Então, Ovar é onde os peixes ovam."
Abençoada gargalhada que se generalizou, apenas para não pensar muito no facto de que tinha pela minha frente alunos com mais de 15 anos.
"Tu não sabes quem eu sou, mas eu sei quem tu és e só preciso de um minuto da tua atenção.
Quero dizer-te que espero que saibas a sorte que tens. O quanto eu
gostaria de estar na tua pele. Poder estar na mesma cama que ela todas
as manhãs. Ajudá-la a acordar da má disposição matinal.
Espero
que saibas que ela só vai falar contigo depois de lavar os dentes. Não é
por mal, é por medo, de perder o encanto aos teus olhos. Que a
consideres um ser humano comum. Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta.
Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter
mais cinco minutos de sono pela manhã. Que o despertador toca cinquenta
vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar a horas.
Quero também que saibas que adora histórias do fantástico. Mas não de
terror! Que é capaz de saber o nome de todas as personagens de um livro
antigo, mas que não se vai esforçar para decorar à primeira os nomes de
todos os teus amigos… Porque ela, ela é que sabe de si.
Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida. Sabes?
Ela não é romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da
tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo
tempo.
Ela não sabe cozinhar, mas vai esforçar-se para fazer o
teu prato preferido. E se estiver mau, vai rir-se do falhanço, em vez de
corar.
E quando ela ri: eu tenho vontade de chorar. Não de
tristeza, mas porque cada gargalhada é uma nota musical que toca ao
coração e me faz querer dançar.
Espero que pares de fazer o que
gostas e que por vezes tenhas tempo para ouvir sobre o seu dia e sobre
cada pequena conquista. Que atures os seus devaneios artísticos e o
tempo que perde a colorir livros infantis quando quer ter tempo para si.
Quero que saibas que eu gostava de estar desse lado, a aturar o seu mau humor e a vê-lo mudar depois do primeiro copo de vinho.
Queria poder apreciar as suas unhas que estão mais tempo de verniz
estalado que de verniz perfeito… mas que cada forma de vermelho tem uma
história que ela construiu com as próprias mãos.
Gostava de me
ter apaixonado por ela no primeiro dia que a vi, e não no segundo.
Porque cada dia com ela é a certeza de que somos amados. Porque ela é
sedução e alegria num só. Porque consegue o que quer com o poder do
sorriso e a força do olhar. Seria um tolo se não soubesse que tem olhos
castanhos e que adora a cor verde. Quero que saibas que ela é tudo o que
quero e nunca soube que tive.
Aprende que a arritmia que sentes com ela é normal! E que a falta dela é um vazio igual à morte. Espero que sejas tudo o que eu nunca fui. Espero que a trates bem. Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre. Pudesse eu ter lido o futuro"
Ator: Diogo Lopes Escrito por: Ana Luisa Bairos, Joana Pacheco
E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.