26/04/11

À borla

No Facebook foi criado um grupo com este nome: «Dá-me um abraço e não digas nada». De vez em quando isto aparece-me à frente e eu... rio-me. Mas não faço a minha adesão. Abraços são sinal de maturidade. Nós, quando somos mais novos, queremos é libertar-nos do sufoco dos nossos pais (para aqueles que não os têm só funcionais) e detestamos que se pendurem em nós. Eu durante muito tempo ignorei os abraços. Hoje penso que um abraço é melhor do que um edredão de penas ou um casaco de marta. Um abraço pode salvar vidas. Quando vos digo que é sinal de maturidade, é porque o abraço vem muito depois da fase dos beijos com língua, dos apalpões, ou mesmo - quando eles são mais velhos, e para mostrar que o material é «deles» - das palmadas no rabo das sócias. Quem faz isto não dá braços. Isto é aliás coisa que me enjoa profundamente: quando os homens batem nas nádegas das suas mulheres, como quem dá umas palmadinhas na mula para ela andar. No lombo. Ah, rico lombo! Homem que me fizesse isto ia com os porcos (já que se menciona o reino animal). Sim, quem dá palmadinhas no rabo da sócia não dá abraços. Quem quer coleccionar amantes também prescinde dos abraços. Ou então é um amante de sonho. E vai ser complicado esquecê-lo/a. Imaginem alguém que se dá incondicionalmente, que faz tudo o que vem nos manuais, e mais: que dá abraços. Mas depois, é parceiro/a que se vai embora. Isto, a acontecer, é terrível. Porque nós, apesar de tudo, esquecemos mais facilmente os que foram egoístas e secos, e até estúpidos. Aqueles que entram e saem, dizendo muito pouco. Esses vão-se embora, nunca mais responderão a um sms nosso, mas eram descartáveis. «Venha outro», pensamos nós. Mas quando eles - ou elas - são doces e ternos, abraçam e beijam como se não houvesse amanhã (e não vai haver), então aí é tramado. Custa-nos mais a sair da pele e do pensamento do que José Sócrates da liderança do PS. Os abraços poderão ser a cereja no topo do bolo. Quando depois de uma noite ou manhã (ou tarde?) de sexo, e estando o par ainda em dúvida, vem o abraço selar o momento - momento que não é só mais um portanto. O abraço pode ser mais importante que o "sim" no altar. É que até chegarem lá, muitos ficam pelo caminho... É possível que os abraços sejam mais carência de mulheres, ainda que os homens passem a vida a despedir-se com eles. As mulheres aquecem-se nos abraços, os homens temem-nos. Uma coisa são quatro braços entrelaçados, outra coisa são aqueles abraços que estalam nas costas um do outro.Há amigos meus que precisavam de se iniciar na arte do abraço. Porque quem está pronto para os abraços está pronto para muitas outras coisas. Um abraço não é uma queca de meia hora. Um abraço dá-se às pessoas de quem se gosta. Não precisas de ser boazona, ou Gianecchini, para levar um abraço. Levas por merecer. Porque faz bem. Há coisas que se curam com um abraço, sobretudo momentos difíceis. Há pessoas que estão sozinhas, e às vezes só precisavam de um abraço. Mesmo sem palavras. Isto podia salvá-las do seu eco vazio e mudo. Este meu texto, ligeiramente freak, há-de servir para pôr gente a pensar. E a abraçar. Gostava que os rapazes (já nem digo os homens mais velhos e muitos deles embrutecidos) passassem a abraçar mais. Vão ver que é uma questão de hábito. Só custa o primeiro, porque parece ridículo. Depois os outros seguem-se, e dão por vocês a gostar mais e mais - questionando-se até acerca da vossa virilidade... Os tais abraços em que vocês dão umas palmadas nas costas do companheiro não contam. Falo de coisas ternas e suaves. No fundo falo de amor. E o amor é uma linguagem universal, não é? Eu cada vez mais acho que sim. E que nos salva. Amor e abraços em tempo de FMI é bom. Ainda é à borla.
Cidália Dias

Para quem não conhece, gosto de espreitar a crónica O sexo e a Cidália da revista do DN.

15/04/11

Indizível

Há uns anos tive um colega reservado que percebi que estava a passar por uma fase muito complicada da sua vida. Explicou-me um dia, quase em meias palavras, que pensava de forma séria em divorciar-se da mulher, porque a relação já não dava nada a ninguém. Quando lhe perguntei o que o prendia a dor que lhe vi no rosto é indescritível. Dizia ele que sabia que ao separar-se teria de abdicar do contacto diário com a filha e que isso para ele era simplesmente impensável.

14/04/11

Os que parecem de outro mundo

Há os jogos memoráveis e os que parecem de outro mundo. Este é um deles!
Já foi há 17 anos... mas parece que foi ontem que vivi aquele carrossel de sentimentos, entre golos do Abel Xavier (ainda de cabelo castanho!), do João Pinto (de cabeça!) e  com o sempre determinante Maestro.

12/04/11

Há as grandes invenções...

... e as outras!
Porque só mesmo uma cabecinha pouco iluminada se lembraria de inventar comprimidos do tamanho de bazucas para nós tomarmos, quando até a saliva custa a passar.

07/04/11

Assim... coiso!

Numa rua completamente dominada pelo sexo feminino septuagenário/octogenário, a única excepção do sexo oposto que se encontra abaixo dos 40, vê os golos do Benfica cinco segundos antes de mim.
Tenho andado a pensar numa forma delicada de lhe comunicar que, se eu gostasse de saber dos golos antes da hora, ligava o rádio... mas não, sou do contra! Gosto daqueles segundos do entra, não entra... do suspense... das asneiras quando vai ao poste, dos berros quando a bola vai para o sítio certo. Assim... coiso!

Sem papas na língua

Tenho visto notícias q.b., para muitos temas e análises não me resta uma pontinha de pachorra, mas aqui estão 50 minutos, sem papas na língua, que vale a pena espreitar:

Rotina...

06/04/11

Vira o disco e toca o mesmo

Ontem soou do outro lado da linha:

- Cada um colhe aquilo que semeou.

E a frase lá foi ecoando por entre os meus pensamentos ao longo de dia. 
Engraçado que já disse esta frase várias vezes e para situações muito distintas, mas nunca me tinha  apercebido que, às vezes, a boa vontade com que se semeia e cuida não chega... Há simplesmente quem não tenha queda para a agricultura!

Para alguns o saco deve vir com as sementes estragadas, porque o destino vira o disco e toca o mesmo.