16/02/10

Desequilíbrio


Esta tarde, numa associação de ideias (enquanto descascava uns nabos para a sopa, imagine-se!) dei por mim e lembrar-me de um professor do primeiro ano da universidade que, para espanto de muitos, dizia de forma perentória que caminhávamos para uma sociedade dominada pelas mulheres. Acrescentava ele que um dos factores decisivos era o facto das mulheres já estarem em maior número no Ensino Superior. Que no caso dos homens ou se dedicavam ao ofício do balde da massa logo cedo ou aqueles que ingressavam na universidade acabavam por desistir.

Associação de ideias tal... que me fez questionar se muito do que acontece nos dias de hoje se deve ao desequilíbrio. Sabemos todos (os atentos) que, até há muito pouco tempo, muitos eram os casamentos infelizes que duravam largas dezenas de anos, a maioria até ao falecimento de um deles, porque a mulher dependia financeiramente do homem. E esta dependência condicionava tudo o resto.

Agora nada pára... mesmo que a tarefa fosse facilmente passada a outro e não ao mesmo, nada deixa de ser feito, porque não há o homem. É preciso levar o carro à inspecção? Vai-se. A mangueira do chuveiro precisa ser substituída? Substitui-se. A powerbox da MEO pifou e é preciso contactar o técnico? Seja. E por ai fora, em exemplos simples que se repetem no dia-a-dia.

Estaria o mundo preparado para esta independência? Penso que não... e o preço a pagar pode, a alguns níveis, ser caro!

4 comentários:

ameixa seca disse...

Em compensação, como há mais mulheres no ensino superior, há mais mulheres desempregadas, logo dependentes financeiramente de outrém. Seja ele marido, pai ou avô. E este meu ponto de vista não é nada positivo mas é bem real :)

Cris disse...

Não estava a pensar nesse ponto de vista... É verdade, mas bem vistas as coisas falas em mulheres desempregadas, mas antes também havia muito mais donas de casa, por opção e porque o papel da sociedade que lhes estava destinado era cuidarem dos filhos e da casa.

O problema do desemprego é acutilante neste momento e atinge os dois sexos... e isso torna bem visível a saída tardia da casa dos pais e a dependência económica dos mesmos.

Desse ponto de vista, pelo que vejo um pouco ao meu redor, acho que essas condicionantes também tornaram esta geração dos vinte e muitos, trinta e poucos, visivelmente mais imatura.

Mirovich disse...

Vim aqui, li, e gostei do que li.
obrigado pelo momento.
Engraçado, ainda não tinha pensado nisso.
Sinto que as crianças neste momento andam desacompanhadas, não sei se é por terem os pais a trabalhar e não conseguirem tomar conta devidamente dos filhotes após terem acabado o encarceramento escolar, se é pelos próprios filhotes não conseguirem tomar conta dos seus encarregados de educação?
Mas no entanto, sinto que neste momento, avizinha-se meninas muito mais desacompanhadas pelos encarregados de educação que os rapazes. O que se reflecte bastante nos comportamentos do saber estar, no conhecimento e tambem na maturidade atingida..
O que será daqui uns dias? Espero que o futuro tudo seja melhor que no momento.

Cris disse...

Olá Mirovich!

Não tenho notado diferenças significativas no acompanhamento dos filhos dependendo do sexo... Tenho sim, constatado um acompanhamento cada vez mais pequeno por partes dos pais.

E quando uns e outros aventam que a escola não deixa de ser um depósito em que os pais deixam uns filhos às 9h, para voltar a pegar às 17h30 (porque não pode ser mais tarde!)... confesso que acho isso mesmo. Um total descomprometimento e derresponsabilidade por parte dos encarregados de educação e miudos cada vez mais sozinhos e revoltados.

Também faço figas para que o amanhã seja melhor.