"(...)
A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.
- Por favor... Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho - mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
(...)
E foi assim que o principezinho prendeu a si a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho. - Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...
(...)
E então voltou para o pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. - Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê com o coração. O essencial é invisivel para os olhos...
- O essencial é invisivel para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.(...)"