29/05/12

Barco a remos

Quanto mais notícias oiço e mais artigos leio, maior a sensação de que me encontro num barco a remos, com um buraco no fundo que, a cada dia que passa, mais se parece com uma cratera e... afinal, os coletes salva-vidas também estão esgotados.

27/05/12

The thing with feathers

Hope is the thing with feathers, that perches in the soul, and sings the tune without words, and never stops at all.
Emily Dickinson
JJ, Criminal Minds* (5.16)


* A série que descobri quando já ia a meio da 7ª temporada... Se anda por ai mais pessoal distraído, recomendo vivamente!

21/05/12

Nem de propósito

Ainda este fim de semana estive a falar sobre este anúncio e o quanto o acho pouco conseguido. Afinal, parece que houve por ai muitas vozes a fazer barulho e as críticas parecem ter funcionado.

16/05/12

400? É obra!


400 adeptos do Bilbau foram a Budapeste… mas a final da Liga Europa era em Bucareste. (aqui)

15/05/12

Vencidos pelo cansaço

Sou uma das felizardas que não sofre deste mal, mas o facto é que vai dominando a maioria das conversas por estas bandas. Não tenho noção do que justifica as mudanças, mas também não vislumbro por onde andam os que ganharam com a troca. 
Diz-se que os dias inteiros sem sinal é uma tentativa de obrigar as pessoas, depois de todos os investimentos feitos, a terem de voltar a abrir os cordões à bolsa para adquirem serviços como a MEO ou a Zon. No entanto, também conheço muito boa gente que por agora prefere deitar-se às 22h30 do que dar a mão à palmatória. Temo que, os que podem, acabem por ser vencidos pelo cansaço...

09/05/12

Poder do polegar

Andava eu a tentar cultivar-me nas novas modas quando constato que, com o passar do tempo, vai sendo cada vez mais raro ver pessoas a pedir boleia. Nem de propósito, ontem numa das saídas da cidade havia um corajoso cheio de paciência a fazê-lo. Não sei se foi bem sucedido, mas passei lá às 12h30, duas horas depois e novamente perto das 19 horas e o dedo continuava na mesma posição, não parecendo haver grandes progressos para concretização do objetivo...

05/05/12

I rest my case

1º Passo: Procurar ultrapassar 90 minutos sem ter de marcar falta, mandar recado na caderneta ou escrever nova participação disciplinar.
Balanço final: Recolha de um baralho de cartas dividido por duas mesas vizinhas, de uma borracha voadora e de uma afiadeira com asas.

2º Passo: Entregar o material com poderes sobrenaturais à Diretora de Turma.

3º Passo: A Diretora de Turma informar telefonicamente do sucedido às Encarregadas de Educação dos envolvidos.
Resposta do outro lado da linha:
- De quem era o baralho?

I rest my case.

03/05/12

No... wait!

A chuva canta lá fora como se não houvesse amanhã, o vento espreita de forma dramática, relembrando que  segurar o guarda-chuva na posição habitual será missão apenas para os bafejados pela sorte... Cheira a sofá, a manta quentinha, a uma noite enterrada no sofá a ver um qualquer filme pipoca que me arranque uma ou outra risada. 

ohhhh... no... wait!

E eis, que se levanta aquele diabinho simpático, mesmo ali por cima do ombro esquerdo e que diz com um sorriso sedutor, aligeirado com um qualquer tom maquiavélico:

- Sim, é verdade! Saíste de casa antes das 8 horas da matina, estás a dever uma porrada de horas ao vale dos lençóis, mas, darling, o regresso do trabalho hoje está marcado para perto das 23 horas.

É preciso somar sem subtrair

Está tudo dito!

Contado, toda a gente acredita: o Pingo Doce dá um super-desconto, a população adere em massa, é um golpe genial. Visto, é inacreditável: uma turba faminta amotina-se, espanca-se, enlouquece, encena uma pilhagem sórdida. É uma miséria de marketing. É um marketing da miséria. "O balanço é positivo, considerando-se a acção como conseguida".

Primeiro, o acessório: este 1º de Maio alterou o equilíbrio na distribuição em Portugal. Este não foi um episódio único, foi uma afirmação de poder da Jerónimo, que vem perdendo para as estratégias agressivas de descontos da concorrência. O Modelo chega aos 75% em certos produtos e horas; o Lidl está a quebrar 33%; o Pingo Doce entrou no jogo em grande estilo. Arrumou o assunto com uma bomba de neutrões. Pôs o país a falar disso. Arruinou o mês à concorrência. E fê-lo provavelmente perdendo dinheiro, o que significaria que comprou mercado.

Dar um desconto de 50% num cabaz significa ter uma margem média de 100% para ganhar dinheiro. Margens médias de 100% na distribuição são como manadas de gazelas na Atlântida, não existem. Dir-se-á: e os clientes com isso? É concorrência e a concorrência é linda. Pois, mas esta é feia. Porque se é abaixo de custo, a do Pingo Doce ou a do Modelo, não é concorrência, é anti-concorrência. É destruir concorrentes que não suportam predações. É aniquilar fornecedores que as subsidiam.

A distribuição não é para meninos. É um negócio de margens reduzidas, negociações complexas, de um conhecimento quase doentio dos hábitos dos clientes. Fazem-se promoções ao meio-dia porque quem está com fome compra mais. Perfuma-se o ambiente com pão quente porque se vende mais. Dispõe-se os alhos ao pé dos bugalhos, nivela-se as prateleiras pela criançada, desnivela-se a iluminação entre dois corredores, puxa-se o lustro à fruta. É assim. E a Jerónimo Martins é o melhor grupo português a fazê-lo. É a empresa mais valiosa em Bolsa. Vale mais que a Galp.

Agora, o Pingo Doce inicia uma mudança estratégica. Esta é uma campanha de "hard discount", um posicionamento mais "baixo" do que o actual desta cadeia. É por isso que esta operação não tem a mão de Alexandre, o patriarca, mas de Pedro, o sucessor, que carrega uma década de grande sucesso deste modelo na Polónia. Esta é a afirmação, surpreendente e bombástica, da sua gestão. Vem aí mais disto. "Hard discount" quer dizer desconto duro. Assim será: duro. Vale tudo menos arrancar olhos?

Também vale arrancar olhos. Assim foi neste 1º de Maio. Cenas lúgubres em todo o país. Os gestores viram um livro de marketing a ser implementado. Os economistas viram um livro com curvas de oferta e procura. Os juristas viram um livro de direito da concorrência. Eu vi um livro de Saramago a escrever-se sozinho.

Já foi escrito: a reacção dos clientes é racional, nada a apontar. Faltou escrever: quem organizou o circo romano sabia ao que ia. E orgulhou-se no dia seguinte. Ficámos a saber como está o país. A violência que não se vê nas manifestações de rua comprime-se no afã vidrado de uma fila de supermercado.

Esta não é uma questão entre direita e esquerda, entre idiotas e ideólogos, entre moralistas e pragmáticos, não é distracção, não se compara com saldos de trapos nem com liquidações de livros. Porque nenhuma dessas promoções provoca estes tumultos descontrolados. Talvez só uma oferta de gasolinas produzisse a mesma loucura.

Numa entrevista notável, a Teresa de Sousa, publicada no Público este domingo, Rob Riemen, que não tem medo de falar de fascismo, afirma: "O espírito da democracia quer dizer que a verdadeira democracia é o oposto da democracia de massas." Riemen refere-se a Tocqueville ou a Gasset. "Ou Espinosa, para quem uma verdadeira democracia significa que somos mais do que indivíduos, aspiramos a ser pessoas de carácter, que não somos apenas motivados pelo medo, pela ganância, pela estupidez, mas capazes de um pensamento e de escolhas".

Acicatar a voragem desumana, como se viu neste Maio, não faz parte dos valores que Alexandre Soares dos Santos construiu. De defesa de salários dignos, de criação de postos de trabalho, de assistência social aos funcionários em dificuldades. Nem serão os valores de Isabel Jonet, que gere no Banco Alimentar situações de pobreza extrema com tacto social e dignidade individual. Isto é uma manifestação de poder autoritário.

Disse Frei Fernando Ventura, nessa noite, na SIC Notícias: "Quando vi as imagens do Pingo Doce, fiquei triste e alarmado. Vi isto na Venezuela, com o Chavez, exactamente o mesmo tipo de reacção. Fiquei com esta imagem como um ícone, ou como um contra ícone, uma mensagem de sinal contrário daquilo que é uma das urgências a descobrir hoje". E disse mais: "Nós, em alguns arroubos místico-gasosos, ficamos muito alarmados e muito agitados interiormente com a multiplicação dos pães e dos peixes. Se nós percebêssemos o que está ali (…). Só houve multiplicação porque houve divisão. A solução tem que passar por aqui: é preciso dividir para multiplicar e é preciso somar sem subtrair nada a ninguém. O segredo está aqui. A chave está aqui. E por aqui pode construir-se a esperança. Por aqui pode criar-se redes de relações, por aqui pode dizer-se às pessoas que a esperança é possível. É preciso organizar esta esperança."

Para o Pingo Doce, os descontos do 1º de Maio terão sido um golpe de marketing ou um anúncio de uma nova estratégia. Mas para os portugueses, que reviram um país negado e renegado, foi mais do que isso. Foi uma humilhação. Como no "Rei Lear", de Shakespeare: "Esta é a praga deste tempo, quando os loucos guiam os cegos". (aqui)

02/05/12

É chato, mas...

Na maioria das vezes acabo a questionar-me se eles não se cansam de estar sempre a falar do mesmo, em tom monocórdico e repetitivo à exaustão, mas parece que a onda veio para ficar. Este cheira a artigo de outro universo, mas pelo menos traz-nos uma aparente lufada de ar fresco contra a maré.

OCSITEP MOB

Se abrirem inscrições, já tenho uma listinha na ponta da língua para adicionar. Tenho para mim que lhes assentava que nem uma luva "OCSITEP MOB" escarrapachado na testa.

PD #2

Depois de fazer um teste, preparar aulas e elaborar quatro participações disciplinares (para fazer um diretora de turma muito contentinha logo pela manhã), como o assunto promete gastar rios de "tinta", com esta me vou:
E no dia 1 de maio, o povo saiu à rua, descontente com o seu país!!!! E foi........................ ao Pingo Doce!

01/05/12

PD

Se eu podia ter estado às 9 horas à porta do Pingo Doce para encher um carrinho e passar 3 ou 4 horas entre corredores e filas?! Poder, podia! Mas só de pensar que teria ido a um dos supermercados que a nível nacional, parece, se escapou à batatada... perderia toda a piada.