03/07/10

O destino tem muita imaginação

“Sabes qual é o erro que cometemos sempre? Acreditar que a vida é imutável, que, mal escolhemos um carril, temos de o seguir até ao fim. Contudo, o destino tem muito mais imaginação do que nós... Precisamente quando se pensa que se está num beco sem saída, quando se atinge o cúmulo do desespero, com a velocidade de uma rajada de vento tudo muda, tudo se transforma, e de um momento para o outro damos por nós a viver uma nova vida.

[…]

Se, esteja onde estiver, arranjar maneira de te ver, só ficarei triste, como fico triste sempre que vejo uma vida desperdiçada, uma vida em que o caminho do amor não conseguiu cumprir-se. Tem cuidado contigo. Sempre que à medida que fores crescendo, tiveres vontade de converter as coisas erradas em certas, lembra-te que a primeira revolução a fazer é dentro de nós próprios, a primeira e a mais importante. Lutar por uma ideia sem se ter uma ideia de si próprio é uma das coisas mais perigosas que se pode fazer.

Quando te sentires perdida, confusa, pensa nas árvores, lembra-te da forma como crescem. Lembra-te que uma árvore com muita ramagem e poucas raízes é derrubada à primeira rajada de vento, e que a linfa custa a correr numa árvore com muitas raízes e pouca ramagem. As raízes e os ramos devem crescer de igual modo, deves estar nas coisas e estar sobre as coisas, só assim poderás dar sombra e abrigo, só assim, na estação apropriada, poderás cobrir-te de flores e de frutos.

E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai onde ele te levar."

(Susanna Tamaro, Vai Aonde Te Leva o Coração)

3 comentários:

Shadow disse...

Sabes acho que li este livro mt nova. Talvez demais. Só gostei, só recordo o fim. Este mesmo fim que aqui deixas... e que vai crescendo connosco.

Cris disse...

Concordo contigo, acho que também o li nova demais. Tinha elevadas expectativas e soube-me a pouco. Penso que não acontecerá o mesmo quando o reler daqui a uns anos.

Ontem falava com uma amiga sobre o Into the Wild e ela dizia-me que o começou a ver há uns bons tempos, mas que se chateou com a história e nem o terminou. Acrescentava ela... "Ainda bem que me falas nele, agora se pudesse era o que eu faria. Tenho de o ver."

Mesmo sem pensarmos nisso, é impressionante como um filme ou um livro nos marca muito ou pouco dependendo da altura em que o vemos/lemos.

Shadow disse...

LOL, coincidência. Ontem reli-a o blog da Jade, e deu com um post dela há 1 ano sobre o filme. Em que ela te falava a ti do filme...

Adorei aquele filme. Aquela historia. Qlq dia volvo a vê-lo!!! ando há imenso... mas não quero estragar nada, é que ficou-me muito mesmo.