13/01/09

27.8.05

(Continuação 2/2)

Alex, encontrei este teu cantinho quase por acidente e não deve ser difícil imaginares qual motivo… Bebi cada palavra… foi-me impossível conter as lágrimas… e aproveito agora a oportunidade que me dás…

Não passa um dia em que não pense em ti, sabias amiga? Custa-me tanto crer que o telefone não vai voltar a tocar para podermos trocar as novidades ou que não nos vamos voltar a encontrar por acaso nas ruas de Évora (ou noutras ruas quaisquer).

Tenho pensado tanto nos nossos bocadinhos (mesmo nos apressados!). A nossa aventura com o Nelson, atravessando meia Europa para passarmos uma semana na Holanda (lembraste da nossa procura infrutífera dos “diques”?). E da viagem ao Brasil, em que ligaste a avisar horas antes de acabar o prazo de inscrição, porque na correria do teu dia-a-dia por vezes custavas a dar conta do recado?

Ah, e lembraste das nossas aventuras ‘basquetebolísticas’? Para o final tivemos que partir para outra, mas passámos uns bons bocadinhos. Que sovas que levámos, sobretudo quando se tratava da equipa de Coimbra. Estive a ver as nossas fotos de Vila Real. Viemos de lá todas partidas (éramos seis, porque nós nunca nos dávamos a luxos de muitas suplentes!), mas andámos em animada cavaqueira com a equipa de Aveiro.

Vamos a um cafezinho para actualizarmos as novidades? Como adorava as nossas conversas a perder de vista… aquelas em que nos apoiávamos nos momentos menos bons, em que trocávamos confidências e que nos deixavam a certeza de que mesmo longe estávamos perto…

Eu e a Fiuza fomos colegas de licenciatura e a nossa aproximação foi gradual. No primeiro ano quase não houve contacto, porque ela fazia parte do “grupo da borga” e eu do das meninas caseiras. Depois com o basquete como elo de ligação a situação inverteu-se. Acompanhámos amores e desamores uma da outra, frustrações e alegrias matemáticas, aventuras, borgas, viagens… trocámos sorrisos, lágrimas… uma amizade que sempre a colocou num cantinho muito especial do meu coração.

Lembro-me de estarmos na esplanada do Giraldo a trocar argumentos sobre as nossas crenças (ou descrenças) religiosas e em Leiria a falar dos nomes que mais gostávamos (o meu Rafael, o Simão dela…). Recordo o seu fascínio pela fotografia e o seu cuidado com os pais sempre presentes. Ou quando nos encontrámos depois daquelas férias e, sem que fosse preciso ela dizer nada, eu percebi pelo brilho dos olhos que havia novidades coloridas. Não eram coloridas… eram de amor! Falou-me pela primeira vez do Alex e percebemos que sem nos conhecermos tínhamos estado os três no dia das matrículas no SA. Rimos ao perceber que ambas tínhamos ficado com má impressão dele. Contou-me as novidades com serenidade, mas transparecia uma felicidade incontida. Falou-me das pedrinhas que ele lhe tinha oferecido e que ela tinha adorado. Derreteu-se ao descrever um abraço que dizia nunca iria esquecer…

Alex, estive na vida da Fiuza como, de certo, estiveram outros, porque ela era uma dessas pessoas especiais sempre com um bocadinho para os amigos e que enchia uma sala só com o sorriso.

Tenho a certeza que o sabes, mas não quero deixar de o dizer. Independentemente da dor que ficou e que ficará durante bastante tempo, falaste de um amor que só os privilegiados têm oportunidade de viver e acredito que é a ele que te deves agarrar para seguir em frente e ultrapassar os momentos mais difíceis. A Fiuza angustiada e menos bem com a vida, deixou de existir quando entraste na vida dela. Foi ao teu lado que a minha amiga encontrou a paz, o amor e a felicidade… e apesar do sentimento de injustiça, revolta que agora temos… tenho a certeza que ela está a olhar por nós e a pedir-te que sigas o teu caminho.

Amiga, até um dia!

A tua Tininha…

in tenui labor

2 comentários:

Anónimo disse...

Pela milésima vez que leio, os pelos levantados e arrepios a correm-me pelo copro a fora...
Confesso, estar num hall de uma residência universitária a chorar baba e ranho, não é coisa digna de se ver, mas não me contive...
Infelizmente, não tive o semelhante previlégio de a conheçer, simplesmente uma conversa banal por meio de Évora, onde tu, me a apresentas-te como uma das pessoas presentes no teu coração.
Tristeza foi o que senti quando me deste a noticia, perder alguém custa sempre, especialmente dessa maneira, nem tempo para dar um abraço.
Os momentos que passaram, as coisas que sentiram, os risos que deram, as conversas que tiveram, são memorias que ninguem te as tira, é pesante, saber que uma pessoa já não pode continuar, mas, como tu disses, "AMIGA,ATÉ UM DIA..."
Abraços Musculados...

Cris disse...

Já havia muito tempo que nem me lembrava destes textos (às vezes mais fácil não pensar!), mas este fim de semana mexeu com muita coisa cá dentro... e fui buscá-los ao baú.

Naturalmente, também não consegui ficar indiferente... e as lágrimas correram incontroláveis, sem pedir licença.