12/01/09

Cortar na casaca

Esta tarde fartei-me de cortar na casaca do Cristiano Ronaldo. A realidade é que o que é exageradamente exagerado tem tendência a enjoar-me.
Por estas bandas portuguesas, não sei se por outras também costuma ser assim ou parecido, há uma grande tendência para o "ou se é besta ou se é bestial". Tal como a velhinha história da selecção nacional de futebol...

A verdade é que, depois de ouvir o nome dele a ser pronunciado pelo Pelé na rádio (porque ainda não tinha conseguido chegar a casa!) fiquei um pedacito emocionada e, não sei, talvez tenha colocado a mão na testa e fiz um exercício que nunca antes tinha feito para alguém na posição dele.

Tal como tenho tentado aprender com os meus alunos e com algumas das suas muito infelizes histórias de vida. Tal como tentei colocar-me no lugar de um menino de 18 anos a viver nos sem abrigo, cuja a única referência era um pai encarcerado que não fazia outra coisa se não cobrar-lhe mundo e fundos, em vez de o deixar utilizar o pouco fio condutor que a vida lhe deu. Como seria eu, se a minha vida tivesse sido assim? Conseguiria ser melhor? Menos revoltada? Menos impulsiva? Tenho sérias e acentuadas dúvidas...

Então e se eu tivesse 23 anos e a sensação de ter o mundo aos meus pés? Um ordenado mais que chorudo ao fim do mês, que me permitisse fazer tudo o que sempre me deu na real gana (até estoirar carros topo de gama, porque sim)? Alguém que vê todos os olhos em si, que se sente no centro do mundo? Seria de facto menos peneirenta e cheia de mim?! Por vias das dúvidas... dou a mão à palmatória e não deixando de torcer o nariz à peneirice, tenho de sentir, no mínimo, um laivo de orgulho por ver o nome de um português ser tão altamente reconhecido por um dom (mesmo que não seja o de descobrir cura para o cancro ou a SIDA).

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